Desperta pra vida a precipitar
A gota despenca da nuvem a se perguntar
Se há lá embaixo, talvez
Alguém que a possa salvar
O caminho é longo, a descida é fria
A velocidade é muita, vai-se embora o dia
Poucas cores sob as nuvens
Na ausência, longa espera
Tanto frio, Tudo cinza
Até que a chuva atinja a terra
No cair da gota, um jardim se abre
Revelando beleza como não há
Entre aquelas no canteiro
Da flor de maracujá
A gota sonha, olho aberto
A flor poder tocar
Quantos cores! quanto viço!
“Possa o vento me soprar”
“Que eu caia feito beijo
No seio dessa flor”
“Que eu descubra, enquanto chovo,
O que chamam de amor”
Mais frio sente a gota, tão forte o vento sopra
Mais longe, teme a gota, colocar-se em meio à horta
Chora a gota, meio caminho
Não ser o orvalho ou o sereno
Que descansam, eternidade
Sobre a pele do desejo
Meio instante, nem segundo
Toca a gota a sua flor
Vai por terra, chão abaixo
A promessa de amor
Sonho breve sonha a gota
Sonho nada, nada não
Devaneio, tão ligeiro
Feito chuva de verão
A gota só conhece a queda